Foi quando filmava, no início da década de 1970 nos arredores de Paris, um documentário sobre a imigração, que Jean-Loup Passek entrou em contacto com vários membros da comunidade portuguesa, entre os quais se incluíam dois habitantes do Concelho de Melgaço com quem viria a estabelecer laços de profunda amizade. Este encontro marcou o início de uma relação profunda com Portugal, que, com o correr do tempo, se viria a tornar numa segunda pátria.
Ao longo de mais de um quarto de século de actividades no domínio do cinema, como director editorial do "Dictionnaire Larousse du Cinéma", conselheiro para o cinema do Centre Georges Pompidou, fundador e director do Festival de la Rochelle e coordenador da "Caméra d'Or" du festival de Cannes, Jean-Loup Passek colecionou inúmeros objectos, testemunhos, documentos, raridades da Sétima Arte: mais de cem mil fotografias, milhares de cartazes, livros, um magnífico conjunto de aparelhos do período do designado pré-cinema.
Durante muitos anos sonhou com a fundação de um "museu sentimental" onde se pudesse apresentar a sua coleção . O apoio dos seus amigos portugueses da primeira hora e a confiança e a simpatia do Presidente da Câmara permitiram que o projecto se concretizasse, num lugar idílico, mesmo sob o resguardo das históricas muralhas que rodeiam o castelo que domina a vila.
Mais do que uma mostra sistemática da indústria cinematográfica, o Museu de Cinema de Melgaço pretende oferecer aos seus visitantes uma abordagem singular, que reflete um olhar personalizado e afetivo sobre a memória do cinema.
Créditos da foto: Fernando Veludo / NFACTOS / PÚBLICO