O Museu de Cinema de Melgaço - Jean-Loup Passek, inaugurado em 2005 pela então Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, encontra-se instalado em plena zona histórica da Vila, no edifício da antiga guarda-fiscal, adquirido e adaptado pelo Município para o efeito.
O Museu, que tem por base o espólio colecionado ao longo da vida pelo francês Jean-Loup Passek e doado ao Município, conta com duas exposições, uma de carácter permanente e outra temporária, distribuídas pelos dois andares do edifício. A exposição permanente, localizada no rés-do-chão, é dedicada ao pré-cinema, ou seja, ao período que antecedeu o cinematógrafo dos Irmãos Lumière. Aqui o visitante poderá apreciar diversos aparelhos, como lanternas mágicas com as respetivas caixas e placas de vidro pintadas à mão, fenaquistiscópios com os seus discos, zootropos com bandas e praxinoscópios, e ainda um dos primeiros cartazes a anunciar o cinema em sala, e outros ilustrativos da evolução do cinema desde as suas origens até ao cinematógrafo.
No século XIX, estes aparelhos tornaram-se muito populares junto do público, pois utilizavam a capacidade ótica de «guardar na memória» uma imagem que apenas aparece por breves instantes (basta um décimo de segundo). Encadeando as imagens que compõem uma ação, produz-se uma impressão de continuidade entre as imagens separadas por um intervalo negro: criando-se assim a ilusão de movimento.
Foi quando filmava, no início da década de 1970 nos arredores de Paris, um documentário sobre a imigração, que Jean-Loup Passek entrou em contacto com vários membros da comunidade portuguesa, entre os quais se incluíam dois habitantes do Concelho de Melgaço com quem viria a establecer laços de profunda amizade. Este encontro marcou o início de uma relação profunda com Portugal, que, com o correr do tempo, se viria a tornar numa segunda pátria.
Ao longo de mais de um quarto de século de actividades no domínio do cinema, como director editorial do "Dictionnaire Larousse du Cinéma", conselheiro para o cinema do Centre Georges Pompidou, fundador e director do Festival de la Rochelle e coordenador da "Caméra d'Or" du festival de Cannes, Jean-Loup Passek coleccionou inúmeros objectos, testemunhos, documentos, raridades da Sétima Arte : mais de cem mil fotografias, milhares de cartazes, livros, um magnífico conjunto de aparelhos do período do designado pré-cinema.
Durante muitos anos sonhou com a fundação de um "museu sentimental" onde se pudesse apresentar a sua colecção . O apoio dos seus amigos portugueses da primeira hora e a confiança e a simpatia do Presidente da Câmara permitiram que o projecto se concretizasse, num lugar idílico, mesmo sob o resguardo das históricas muralhas que rodeiam o castelo que domina a vila.
Mais do que uma mostra sistemática da indústria cinematógrafica, o Museu de Cinema de Megalço pretende oferecer aos seus visitantes uma abordagem singular, que reflecte um olhar Personalizado e afectivo sobre a memória do cinema.