“FESTA” é um trabalho fotográfico que percorre cronologicamente um ano de festividades tradicionais em Castro Laboreiro. Este projeto desmarca uma leitura sobre a vivência do lugar, o culto do encontro e da partilha, uma “dança” social entre a saudade e a distância.
Em Castro Laboreiro percebemos que o território fronteiriço descreve-se especial, as suas características acumulam a história de anos de viagem e de comunhão entre uma população que se afasta e se aproxima por épocas. Ali moram também pessoas que constroem uma forma de estar que salienta a estrutura social deste mesmo lugar. Castro existe pelas suas gentes, a sua memória futura depende de um conjunto de vivências que definem o castrejo, a festa é um apogeu de inter-relações, um lugar vivo.
O trabalho fotográfico é uma pesquisa visual por este território e pelas pessoas que nele habitam e que festejam a existência do lugar. Além do acontecimento litúrgico existe a continuidade de uma história e de uma memória festiva.
Depois da missa, e da procissão, os “bailadores” encontram-se no “largo” mais próximo e aí entrelaçam as chulas e os viras com a popularidade local da música tocada ao vivo. Até mesmo no natal e páscoa, ou na passagem para o novo ano, a dança é uma razão de existência, de se viver e querer estar naquele território.
Existe uma forma clara de vivência do castrejo, do mandador surge a palavra de ordem para um bailado cadenciado, onde se constrói a cada passo mais um pouco da história do lugar e onde se recorda os movimentos de um passado rememorado.
Um ano de trabalho de campo que se relata num conjunto de imagens, num conjunto de relações e aproximações ao território e às pessoas de Castro Laboreiro.
A arte do cartaz faz parte da história cultural da Polónia.
Após a 2º Guerra Mundial e a instauração do regime socialista, no país, essa arte da rua que é o cartaz, graças a uma inquestionável qualidade estética e diversidade de estilos, deu origem a uma verdadeira « escola » de grande renome que influenciou criadores além-fronteiras, desde o Japão, a França ou Cuba.
Essa « escola », nascida no seio da propaganda e das encomendas do Estado, caracterizou-se, primeiro, por um carácter político e social. Todavia, os criadores não demoraram a desligar-se das limitações impostas, investindo outros domínios, como o cultural, com criações para a ópera, concertos, exposições ou cinema, ocupando este um lugar privilegiado.
A rejeição, pelo regime, dos valores comerciais ocidentais permitiu aos artistas exprimirem-se à margem de exigências puramente publicitárias. Os artistas beneficiaram ainda, paradoxalmente, de uma grande liberdade criadora, reduzindo ao mínimo essencial as indicações textuais do filme, conservando apenas uma imagem metafórica ou suscitando a emoção, apelando à imaginação de cada um.
Hoje um grande número desses cartazes, considerados obras de arte, entrou nos museus. Ao longo da sua vida de cinéfilo apaixonado Jean-Loup Passek reuniu pacientemente várias centenas que constituem um dos tesouros do Museu do Cinema de Melgaço.
É, evidentemente, uma infíma parte dessa coleção que apresentamos nesta exposição, com uma seleção de cartazes originais, assinados por grandes designers polacos e, em formato reduzido, reproduções de cartazes para o teatro, música e outros, de carácter político e social.
A memória e a saudade estão presentes em cada habitante da Vila de Castro Laboreiro. São muitas as histórias que se cruzam e que são relembradas, vão desde o contrabando à transumância, dos tempos de escola aos tempos de emigração. É com esta nostalgia que se vão contando histórias de famílias que foram crescendo e rumando para outras terras.
A partir do Arquivo Fotográfico Privado de cada família a ponte entre o passado e o presente criam uma ligação emocionalmente forte; numa altura em que a vila cada vez mais sofre com o abandono do lugar e a solidão tende a tomar cada vez mais o lugar da outrora energia vivida.
“Encontro” incide sobre a questão da Memória Familiar partindo de arquivos fotográficos privados das famílias de cada uma das pessoas fotografadas, revelando outros tempos é a partir delas que se estabelece uma ligação registada fotograficamente.
Depois de uma seleção das fotografias cedidas de cada família, cada imagem é projetada numa parede e as pessoas ficaram perante a imagem dos seus familiares onde posteriormente serão fotografados em conjunto estabelecendo a ponte entre dois espaços temporais (passado e presente) através de uma fração de tempo que regista a imagem, o ato fotográfico.
No âmbito da residência artística “Plano Frontal” inserida no festival FILMES DO HOMEM 2016 foi realizado este projeto fotográfico com base do tema proposto da Família, na vila de Castro Laboreiro.
“Encontro” tem por objetivo estabelecer uma ligação emocional através da imagem entre o Arquivo Familiar, a Família e o Espectador.
Todas as semanas, em Melgaço, uma carrinha branca viaja por diferentes aldeias para entregar pão. As aldeias estão separadas por altas montanhas e estradas sinuosas. É através deste ritual de trabalho semanal que nos encontramos por momentos curtos e breves, com diferentes pessoas destas aldeias.
Venice Atienza