Através do retrato de uma mulher de 79 anos, a minha avó Taklit Adel, nascida na Argélia e residente em França durante 60 anos, podemos descobrir narrativas históricas e pessoais enquanto exploramos os subúrbios de Paris e os seus cenários. Uma história pessoal retirada da história coletiva.
Soufiane Adel nasceu em 1981 na Argélia e chegou a França com 8 anos de idade. Descobre o cinema ao estudar desenho industrial na escola ENSCI. Tem o seu primeiro encontro com o neo-realismo italiano e o cinema experimental com 20 anos, e assim começa a sua cinefilia. Em 2004 decide filmar o seu pai e pede-lhe para realizar uma cena que já experimentaram juntos. Esta será a sua primeira curta-metragem: "Nuits Closes". "La Cassette", e então "Kamel s'est suicide six fois, son père est mort" seguiram-se mais tarde. Desde 2009, ele co-realiza os seus filmes com Angela Terrail, com quem trabalha desde "La cassette". Eles realizaram "Sur la tête de Bertha Boxcar" e estão actualmente a preparar uma longa-metragem, uma adaptação contemporânea de "Martin Eden", de Jack London.
Evaporating Borders é um ensaio visual sobre as atitudes globais em relação às populações migratórias. Tendo como guia as reflexões pessoais e olhar curioso do realizador, o filme disseca a experiência dos refugiados no Chipre e reflete sobre temas como a migração, tolerância, identidade e sentimento de pertença.
Iva Radivojevic é uma cineasta premiada a viver em Brooklyn, NY. Passou os seus primeiros anos na Jugoslávia e em Chipre antes de se estabelecer em NY. Os seus filmes exploram o tema da identidade, migração e imigrantes. Os filmes de Iva têm sido exibidos em vários festivais de cinema, incluindo SXSW Film Festival, Rotterdam IFF, Human Rights Watch, HotDocs Film Festival, foram mostrados no Museu de Arte Moderna (MOMA) e foram transmitidos na PBS, The Documentary Channel, bem como no New York Times Op-Docs. Iva foi nomeada uma das 25 New Faces of Independent Film em 2013 pela Filmmaker Magazine. O seu primeiro documentário de longa duração "Evaporating Borders" foi recentemente nomeado para o prémio International Documentary Association (IDA) Award bem como para o Cinema Eye Honors Spotlight Award e está, actualmente, em exibição por vários países.
Viúva aos 28 anos, Zanta, uma camponesa Tibetana, desafia o sogro tirânico e, depois da morte do seu marido, recusa-se a casar com o único filho sobrevivente da família. Quando os sogros de Zanta impedem o seu filho de sete anos de ir à escola, ela foge da aldeia e segue para Pequim, tornando-se vendedora de rua. Pobre e em apuros pela discriminação sofrida, Zanta consegue persuadir uma cliente estrangeira em ajudá-la a pagar as propinas da escola do filho. Durante uma visita de Ano Novo de regresso à aldeia, os sogros de Zanta raptam o menino, atraindo a involuntária Americana para o seio do violento feudo familiar. As duas mulheres forjam uma relação para tentar ludibriar os sogros que, segundo a tradição, têm a palavra final sobre o destino do neto.
Jocelyn Ford, antiga chefe de bureau em Pequim e Tóquio para o programa de rádio estatal americano Marketplace, está baseada na Ásia Oriental há mais de três décadas. A sua reportage pioneira e inovadora sobre as “mulheres de conforto” na década de 90 foi catalizadora para o aumento da tomada de consciência sobre os abusos sofridos pelas mulheres durante a 2ª Guerra Mundial por parte de militares Japoneses. Durante os três anos de filmagens de NOWHERE TO CALL HOME, Jocelyn superou restrições de acesso a comunidades Tibetanas para conseguir iluminar as escolhas complexas que enfrentam os agricultores Tibetanos residentes na China contemporânea, e proporcionar novas introspecções sobre a fragilidade social na potência em ascenção mais rápida do mundo.
"Souvenirs d’un futur radieux" é a história cruzada de dois bairros de lata que foram construídos, com 40 anos de intervalo, no mesmo território, fora da cidade. Em Massy, nos arredores do sul de Paris, nós vivemos num bairro de lata numa época de crescimento, de pleno emprego e futuro promissor. Era a década de 60. Eles vivem num bairro de lata num clima de crise, desemprego e exclusão. Estamos no início de 2000. Eles vêm de uma área rural onde não há trabalho, onde não têm terras. A maior parte destes romenos têm histórias difíceis. Estão a fugir de um país onde são rejeitados. Nós tínhamos fugido de uma sociedade quase feudal, uma ditadura herdada da inquisição. O nosso bairro de lata foi preenchido por camponeses, dos mais analfabetos, que vieram de aldeias remotas ao longo dos séculos. Nós viemos de Portugal, eles vêm da Roménia.
Os pontos de vista sobre estas duas migrações, atravessada por notícias de crescimento do pós-guerra dos anos 2000, interrogam-nos sobre a nossa hospitalidade, sobre o tratamento infligido pela França aos seus estrangeiros, esboçam uma memória comum dos bairros de lata e mostram que a imigração é uma história, a história de pessoas que lutam para escapar da pobreza e que perseveraram, apesar de discriminação, na sua luta por reconhecimento.
José Vieira, realizador de origem portuguesa, vive e trabalha entre Portugal e França. Depois de 1985 realizou cerca de trinta documentários, nomeadamente para a France 2, France 3, La Cinquième e Arte. A sua obra, dedicada sobretudo à problemática da emigração, tem sido exibida nos mais diversos festivais internacionais de cinema. José Vieira tem dado visibilidade à história de um milhão de portugueses que saíram do país nos anos sessenta, a maioria clandestinamente - “a salto”, como se dizia -, no que foi a maior migração humana na Europa do século XX. Nasceu em Oliveira de Frades e partiu para França em 1965, com sete anos de idade. A sua experiência pessoal como emigrante e as muitas histórias que foi ouvindo de outros emigrantes inspiram o seu trabalho mais recente como realizador. Partindo de histórias individuais, traça o retrato da emigração em França, recuperando toda uma memória coletiva. Os documentários de José Vieira são fundamentais para conhecermos a história dos milhares de portugueses que, durante o Estado Novo, procuraram uma vida melhor.
Todos os anos, uma pobre e numerosa família Curda deixa Batman com destino a Ankara para trabalhar nos campos agrícolas. Sem quaisquer benefícios e com salários muito baixos, a família trabalha para ganhar a vida cultivando alface. Este ano, a história toma um rumo diferente em preparação para uma inesperada história de amor. A história que a mãe vai contando aos filhos dentro da tenda, no campo, torna-se realidade. Este docudrama descreve igualmente o processo do cultivo da alface desde o campo até às nossas mesas. Revela as muitas histórias e árduo labor que estão por detrás da comida mais simples que encontramos à mesa. E mostra também que a escravatura moderna continua a existir, mesmo no mundo de hoje.
Nasceu em 1973 em Dersim, na Turquia. Com a sua primeira curta-metragem “Ax (The Land)” ganhou vários prémios internacionais. Terminou a sua primeira longa-metragem “Fotoğraf (The Photograph)” em 2001 e ganhou vários prémios. Um dos festivais foi o National Geographic All Roads Film Festival. O filme foi lançado na Turquia e na Alemanha em 2002. Em 2005, com seu primeiro documentário “Dur (The Distant, 74 min)” ganhou o prémio "The Best Documentary" em Nurnberg IFF e em Ancara IFF.
Produziu e realizou o filme “Bahoz (The Storm, 2008)”, guião que transformou num livro publicado pela Ágora Kitaplığı em 2011
O docudrama “Demsala Dawi: Şewaxan” (The Last Season of Shawaks), que realizou em 2010, foi comprado e vendido por Arte-France e foi emitido em muitas televisões internacionais.
Em 2011 foi membro do júri de Milano Film Festival.
Ganhou o prémio Libraries Award no Cinema du Reel; FIPRESCI Award & Special Mention of Jury Award em Istanbul IFF; Best International Feature em Montreal Intl Documentary Festival com o “He Bû Tune Bû (Once Upon a Time, 2014)”.
O cenário é a Geórgia, vinte anos depois do conflito étnico entre a Geórgia e a Abcásia que, entre 1992 e 1993, aterrorizou de forma sangrenta um país já posto à prova por uma longa guerra civil. A história decorre em Kutaisi, especificamente no Internat, um antigo edifício escolar ocupado por cerca de sessenta famílias da Abcásia que escaparam à guerra na Geórgia em 1993. Os protagonistas são três irmãos, Gia, Gela e Lado Ugrexelidze, as suas famílias, a sua mãe, filhos e netos. Há mais de vinte anos que vivem no Internat, dia após dia, construindo as suas casas, que servem como santuários para o que é agora a memória das suas vidas passadas, terra natal e as memórias de infância. Acima de tudo, a recuperação dos túmulos dos seus antepassados é crucial de forma a manter intacta a ligação entre eles e a sua existência cultural. As crianças que cresceram no Internat, por sua vez, herdaram as mesmas tradições dos seus pais, mas encontraram maneira de as transformar num jogo ao exagerarem as aventuras desses heróis da guerra narradas pelos pais. O Internat é um “lar” temporário, um vestíbulo de memórias, fantasmas e nostalgia.
Maurilio Mangano, Palermo, Itália, 1980. Em 2002 começou a trabalhar no cinema como assistente de realização e como assistente de produção para, em seguida, se especializar como diretor de casting através dos seus vários Street Castings para várias produções cinematográficas, televisivas e produção de documentários.
Em 2010 assinou o primeiro trabalho como realizador com a curta "What’s the difference?". Em 2014 escreveu e realizou o seu primeiro filme, “Internat”, um documentário sobre os filhos da guerra Geórgia-Abcásia de 1992-1993.
Também trabalha como fotógrafo e jornalista, colaborando com a revista VICE e com o Observatório dos Balcãs e Cáucaso. Vive em Tbilisi.
Um abrigo noturno em Lausanne, na Suíça. Todas as noites, uma imensidão de sem-abrigo procura o local para pernoitar, mas nem todos têm lugar. L’Abri mostra como a Europa civilizada é incapaz de integrar os emigrantes e como os gestores bem intencionados daquele abrigo têm que tomar, todas as noites, as mais difíceis decisões: quem fica e quem passa a noite sob o frio intenso do inverno.
Fernan nasceu em 1961, em Tangier, no meio de uma família Espanhola de anárquicos exilados e foi levado clandestinamente para a Suíça, pelos pais em 1963, quando estes entraram no país como trabalhadores sazonais. No início dos anos 80, com os amigos, fundou Le Cabaret Orwell, uma meca da cultura underground no oeste da Suíça, seguido pelo internacionalmente famoso clube de música rock La Dolce Vita. Depois de uma exibição de filmes experimentais, decidiu reinventar-se como realizador e produtor autodidadata de cinema independente . Foi creador de filmes experimentais e segmentos de televisão icónicos em 1983. Em 1985, ingressou na empresa de produção Climage, com quem permaneceu fiel colaborador, e produziu mais de vinte documentários bem recebidos sobre os temas de imigração e identidade. Foi o editor dos filmes de Jacqueline Veuve, cujo Le Journal de Rivesaltes foi galardoado com o Prémio de Cinema Suíço em 1998. O documentário Exit - o direito de morrer, recebeu vários prémios internacionais, incluindo o prestigiado Golden Link UER para melhor co-produção Europeia e o Prémio de Cinema Suíço em 2006. Em 2008, o documentário The Fortress ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno, para além de muitos outros prémios internacionais. O filme Special Flight, filmado num centro de detenção administrativa em 2011, recebeu mais de trinta prémios internacionais, incluindo o Prémio de Cinema Suiço e o Prix Europa. No filme seguinte em 2013, The World Is Like That, Fernand Melgar conta a história de alguns dos protagonistas de Special Flight depois de terem sido expulsos da Suíça. O seu filme mais recente The Shelter foi filmado num abrigo de emergência para os sem-abrigo em Lausanne.
Nermina sobreviveu ao massacre de 1992 onde muitos membros da sua família foram assassinados. Ela está de regresso à sua aldeia natal com o filho e as filhas, onde trabalha no campo e cria vacas, a única forma para conseguir ganhar a vida. As duas filhas, Almedina e Melisa, são agora adolescentes e partilham os desejos e ambições da sua geração: Almedina gostaria de ir para o estrangeiro, Melisa quer ir para a Universidade. Ao observar as suas vidas, dia após dia, durante o período de um ano, tentei capturar a relação entre mãe e filhas durante um momento delicado, repleto de escolhas. Como pano de fundo, a aspereza da vida do campo numa aldeia que continua a ser afetada pelas consequências da guerra recente, uma aldeia que aparenta estar à espera de algo, e onde uma pergunta em particular parece ser recorrente, “fico ou vou-me embora?”
Vittoria Fiumi, realizadora, estudou antropologia visual na Universidade de Manchester (Reino Unido). Especializou-se na criação de filmes que exploram a relação entre natureza e cultura, com uma abordagem criativa e inovadora, combinando elementos experimentais com elementos de documentário e ficção. Produziu e realizou dois documentários curtos: “Peaceful Place” (Human Rights FF, Bologna, Los Angeles, Sarajevo 2006) e “All of a sudden it was dark” (IDFA doc for Sale 2009, Doc under 30). O seu último filme “Nermina’s World” foi selecionado para a competição Visions du Reel 2014, em Nyon. O filme entrou na lista dos finalistas para o prémio Solinas, um prémio para argumentistas, e foi premiado com o Corso Salani Prize (para melhor trabalho em andamento) no Trieste Film Festival. Produzido por Fiumi Film e Film Tama (Flavia Oertwig) é uma co-produção suíça, alemã e italiana, com o apoio da Cineteca di Bologna, Filme für Eine Welt e Film Commission Baden-Württemberg. Em 2014, Vittoria Fiumi foi selecionada pela Filmmaker Academy of the Locarno Film Festival como realizadora emergente. Foi premiada com a prestigiada bolsa Nipkow para seu novo projeto “3TimesMe”. Vive e trabalha entre a Suíça e a Itália.
O que levaria consigo se tivesse que fugir de casa sem saber se regressaria? Entre 1974 e 1976, perto de 300 mil Portugueses abandonaram Angola. Mais de 100 mil tinham nascido lá. Esta é a história das incríveis fugas de Angola por terra, mar, e ar, e de tudo aquilo que não quiseram deixar para trás.
Nascida em 1981, Ana Delgado Martins leva uma vida dupla, própria de quem gosta de contar histórias em todas as frentes. De manhã, é produtora e repórter de rádio. De tarde, escreve argumentos e realiza filmes. No Verão de 2010, venceu uma bolsa de estudo da ZON que a levou até à Universidade do Texas, em Austin, para um curso intensivo de realização, argumento e produção de cinema. Assim surgiu a sua primeira curta-metragem, “Volta”, que venceu o prémio de Melhor Fotografia nos prémios anuais do festival Shortcutz Lisboa 2010. A segunda curta, “Encadeados”, venceu o prémio Canon no Lisbon & Estoril Film Festival 2011. DE ARMAS E BAGAGENS é a sua primeira longa-metragem. Foi produzida em 2013 pela Real Ficção e Africa Zoom’in, com apoio do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual), da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) e do Programa MEDIA.
Filme na primeira pessoa, que relata a emigração de dois amigos. Ela, Alberta, já teve experiências anteriores a trabalhar no estrangeiro; ele, Alexandre, é a primeira vez que sai do país para trabalhar.
Alexandre Martins é formado em cinema, ramo de escrita de argumento, pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Presentemente trabalha como ator e como formador na área do audiovisual.
Portugal, Europa, 2011. Às portas de Lisboa, um bairro de lata está em vias de ser demolido. A Câmara Municipal de Loures parece firme na sua decisão, mas não apresenta soluções alternativas de alojamento. Na iminência de ficar sem teto, os moradores do Bairro da Torre organizam-se para negociar com a Câmara e defender o seu direito à habitação, num processo com avanços e recuos, derrotas e vitórias. No Bairro da Torre coexistem etnias sobretudo ciganas e africanas, e imigrantes que chegaram nos anos 90 para as grandes obras do regime. A crise atirou-os para o desemprego e a miséria. Agora batem-se pelos seus direitos e dignidade humana. As mulheres assumem um papel central na defesa da casa e da família. Aqui Tem Gente acompanha o processo negocial, os problemas e conflitos desta população que, embora anarquicamente, consegue organizar-se e lutar pelos seus direitos. O documentário levanta ainda outras questões. Qual o papel dos ativistas no apoio à organização da comunidade? Que política de habitação social para o atual momento de crise?
Leonor Areal nasceu em Lisboa em 1961 e aos 8 anos teve um prémio literário com o qual comprou uma bicicleta e a primeira máquina fotográfica. Depois de um curso de literatura, dedicou-se ao vídeo. Com Há Drama na Escola (1993) ganhou uma bolsa de estudo na New York Film Academy. Geração Feliz (2000) passou no canal por cabo Odisseia. Ilusíada – A minha vida dava um filme (2002) foi exibido em três episódios na RTP. Fora da Lei obteve uma menção especial no festival DocLisboa 2006, uma nomeação para o prémio Novos Olhares no festival LGBT de Torino 2008, e foi publicado em DVD pela editora Midas (2009).
Do outro lado do rio Tejo uma fila de edifícios abandonados e em ruínas estão localizados na margem do rio, de frente para a tradicional vista que é o cartão de visita de Lisboa. Apenas restam edifícios destruídos, paredes cinzentas cobertas por grafitis, que outrora fizeram parte de um enorme estaleiro. Numa das salas abandonadas, atrás de uma cortina, vive Eddie, um jovem de 23 anos, emigrante cabo-verdiano que chegou a Portugal, sozinho, há 5 anos. Ele sonha tornar-se rapper, um dia. O filme dá-nos uma visão interior e poética da sua vida na fronteira entre dois mundos.
Dorottya Zurbó nasceu em Budapeste, Hungria, em 1988. É formada pelo Documentary Film Directing Master’s (DocNomads) para o qual obteve bolsa integral. Também é pós-graduada em Teoria do Cinema e História pela ELTE, Budapeste. Os seus filmes têm sido reconhecidos como filmes de referência nos DocNomads e ganharam vários prémios, incluindo o Best Documentary in the Student Competition no 21º Astra Film Festival, na Roménia, em 2014. Os seus filmes foram apresentados em vários festivais como o Verzió, Balinale e Doclisboa. Está a embarcar apaixonadamente numa carreira de realização de documentários.
Ali faz e refaz Chantal. Ela é a sua companheira. O seu espelho. Este documentário para além de um retrato sobre a solidão de um homem e seus comportamentos, é também uma reflexão de como, sentindo-se desenraizado do seu país, cria uma realidade particular numa grande capital europeia, num país longe do seu, onde Ali não está inserido nem se relaciona com nenhum membro da comunidade Turca em Paris.
Joana de Verona, atriz luso brasileira (nascida em 1989) formou-se em teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Participou em filmes, como "Como desenhar um círculo perfeito" (2009), de Marco Martins, "Mistérios de Lisboa" (2010), de Raul Ruiz, "As linhas de Wellington" (2012), de Valeria Sarmiento, "Rafa" (2012), de João Salaviza, e o recente "Mil e uma noites" (2015), de Miguel Gomes.
"Chantal" é o seu primeiro documentário, realizado no âmbito do curso de realização dos Ateliers Varan, em Paris.
Imad deixou Damasco para se radicar em Montreal em 1984. Desde então, divide o seu tempo de forma desigual entre o trabalho como motorista de táxi, a família e o consumo imoderado de boletins noticiosos. A cobertura mediática da revolução Síria alimenta o seu desejo de contribuir para a criação de uma Síria livre e moderna, apesar da distância.
De origem iraniana, Behzad Adib estudou medicina, em França, antes de ir para Montreal prosseguir os estudos em aconselhamento de educação e relacionamento. Behzad é realizador e ator de teatro. O fascínio pelos seres humanos e o seu profundo desejo de o expressar, levou-o a concluir o L'inis Documentary Program.
Em 2010, Abu Eyad e outros jovens Palestinianos do campo de refugiados Ain el-Helweh no Líbano, viajaram com contrabandistas pela Síria e Turquia até à Grécia. Como tantos outros migrantes, vieram à procura de uma porta para a Europa, mas acabaram encurralados num país em colapso económico, político e social.
Mahdi Fleifel é um cineasta e artista visual palestiniano a viver em Londres. Nasceu no Dubai, cresceu no campo de refugiados de Ain El-Helweh, no Líbano, e mais tarde nos subúrbios de Elsinore, Dinamarca. Formou-se na British National Film and Television School, em 2009. O seu recente documentário “ A World Not Ours” está atualmente em exibição em festivais e recebeu vários prémios.
O seu próximo filme, "Men In The Sun” baseia-se nos temas e personagens que encontrou ao fazer “Xenos” e está a ser desenvolvido, actualmente, como parte do New Danish Screen scheme.
Passo a vida a perguntar-me se Madrid é a minha cidade. Vim para cá há mais de 7 anos, de um lugar que fica a 9546 kms de distância. À luz do dia sinto-me estrangeiro apesar de ninguém reparar, a não ser que eu fale.
Formado pela Universidade de Lima, no Perú, com uma licenciatura em Comunicação. Recebeu um diploma do Instituto del Cine de Madrid em realização e escrita de argumento para documentário. Completou o mestrado em escrita de argumento cinematográfico da Escuela de Escritores de Madrid.
Uma equipa de filmagem viaja até ao Líbano para filmar um “Jogo das Escondidas” dentro de um campo de refugiados Sirios.
David Muñoz escreve, realiza e produz filmes documentários e de ficção. Vencedor do Goya Award to Best Short Documentary com o “Flowers of Rwanda”. O seu filme “The Infinite Jest” recebeu o prémio Jury Award for Best Short Documentary no Aljazeera Documentary Film Festival. O seu filme “Another Night on Earth” ganhou o prémio dos críticos de cinema FIPRESCI, no DOK Leipzig, o prémio NHK Presidential Award, e o Best Feature Documentary Award, no Guanajuato International Film Festival. A sua curta-metragem “About Ndugu” foi uma estreia mundial na 63º Berlinale e Best Andalusian Short Film no Almeria International Film Festival. “Hide & Seek” foi uma estreia mundial na competição oficial do 65º Berlinale Shorts e um prémio do júri, Biznaga de Plata, no 18º Festival de Cine de Málaga.
Abraham Nouk veio para a Austrália como refugiado Sudanês, sem saber ler, escrever ou falar uma palavra de Inglês. Agora tornou-se num aspirante a declamador e poeta.
Michael Johnston é um documentarista emergente que aspira usar a arte de contar histórias para influenciar a mudança social.
Meio lida com o imaginário da identidade cultural de uma comunidade mulipatrimonial: Na Vila Rica, uma área rural na municipalidade Presidente Lucena, no sul do Brasil, Lina, de 83 anos, vive e relembra. Ela apenas sabe falar e compreender o dialeto Alemão Hunsrückisch. Como descendente de Alemães a viver no Brasil, ela mal consegue comunicar com os netos, que vão sendo educados a falar Português brasileiro. Numa escola próxima, as crianças aprendem Alemão, tentando imaginar a pátria dos seus antepassados e questionando o que isso tem a ver com as suas vidas no Brasil. O filme desenvolve uma narrativa baseada em contrapontos que vão sublinhando a distância que existe entre gerações de descendentes de Alemães no Vale dos Sinos, em Rio Grande do Sul. O que significa ser Brasileiro? O que significa ser Brasileiro-Alemão? Ou Alemão? O filme lida com a questão da identidade como sendo algo pendente entre a memória e o imaginário e vê a linguagem como um meio para comunicar e expressar esta identidade.
Clarissa Beckert nasceu em Colonia, Alemanha, em 1987. A sua mãe é brasileira e o seu pai alemão. Perguntas e interrogações sobre a identidade cultural são questões constantes na sua vida. Depois do seu Abitur na Alemanha, Clarissa obteve uma licenciatura em Antropologia, Sociologia e Ciência Política na Pontifícia Universidade Católica, em Porto Alegre. Atualmente, está a fazer o seu mestrado em Antropologia Cultural e Social na Freie Universität Berlin.
Pedro Henrique Risse nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1985. Em 2010, formou-se em Produção Audiovisual na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. No mesmo ano, cofundou a produtora VERTE Filmes com dois colegas. Pedro trabalha nos domínios da cinematografia, edição e escrita de argumentos.
Um retrato comovente da popular organização Australiana, Refugee Art Project, fundada por um grupo de artistas e académicos unidos pela sua preocupação com as condições dos refugiados nos centros de detenção australianos. Desde 2010 que o coletivo organiza aulas de arte dentro destas instalações de segurança. Durante este processo, foram descobertos talentos extraordinários enquanto despertava uma verdadeira paixão pela arte. Para muitos detidos, a arte é a única, segura, fonte de conforto e meio disponível para a autoexpressão.
Depois de estudar produção cinematográfica, Daz Chandler começou a sua carreira em publicidade e relações públicas. Querendo desenvolver o seu trabalho como escritora e radialista, produziu rádio e televisão, trabalhou na imprensa e em eventos artísticos, bem como curadoria em Sydney e Newcastle.
No final de 2008, inspirada pela democratização dos meios de comunicação e aparecimento do jornalismo independente, criou "Radio Lajee", um projeto em língua inglesa para jovens refugiados da Palestina que vivem na Cisjordânia ocupada. Recentemente, tem passado grande parte de seu tempo a realizar um documentário chamado “Amand(I)a” que segue a vida de uma jovem mulher, politicamente motivada, nascida no ano do chamado Processo de Paz de Oslo, dentro da Cisjordânia.
Daz está também na direcção do Refugee Art Project, em Sidney, e a sua curta-metragem “Unstill Lives” documenta o trabalho do Refugee Art Project com a comunidade de refugiados da Austrália.
Colabora com artistas como videografa, filma, realiza, produz videoclipes e ajuda as organizações a desenvolver meios sociais inovadores e eficazes e campanhas digitais.
A Suíça experimentou nos anos 50 e 60 um crescimento económico sem precedentes. Para lidar com um aumento da necessidade de mão-de-obra foi buscar ao sul da Europa quase um milhão de trabalhadores estrangeiros, italianos, portugueses e espanhóis, principalmente. Este filme fala sobre a emigração de uma família cuja característica é ser como milhares de outras famílias espanholas que vieram para a Suíça, na esperança de reconstruir suas vidas.
Fernan nasceu em 1961, em Tangier, no meio de uma família Espanhola de anárquicos exilados e foi levado clandestinamente para a Suíça, pelos pais em 1963, quando estes entraram no país como trabalhadores sazonais. No início dos anos 80, com os amigos, fundou Le Cabaret Orwell, uma meca da cultura underground no oeste da Suíça, seguido pelo internacionalmente famoso clube de música rock La Dolce Vita. Depois de uma exibição de filmes experimentais, decidiu reinventar-se como realizador e produtor autodidadata de cinema independente . Foi creador de filmes experimentais e segmentos de televisão icónicos em 1983. Em 1985, ingressou na empresa de produção Climage, com quem permaneceu fiel colaborador, e produziu mais de vinte documentários bem recebidos sobre os temas de imigração e identidade. Foi o editor dos filmes de Jacqueline Veuve, cujo Le Journal de Rivesaltes foi galardoado com o Prémio de Cinema Suíço em 1998. O documentário Exit - o direito de morrer, recebeu vários prémios internacionais, incluindo o prestigiado Golden Link UER para melhor co-produção Europeia e o Prémio de Cinema Suíço em 2006. Em 2008, o documentário The Fortress ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno, para além de muitos outros prémios internacionais. O filme Special Flight, filmado num centro de detenção administrativa em 2011, recebeu mais de trinta prémios internacionais, incluindo o Prémio de Cinema Suiço e o Prix Europa. No filme seguinte em 2013, The World Is Like That, Fernand Melgar conta a história de alguns dos protagonistas de Special Flight depois de terem sido expulsos da Suíça. O seu filme mais recente The Shelter foi filmado num abrigo de emergência para os sem-abrigo em Lausanne.
Todos os anos na Suíça, milhares de homens e mulheres estão presos sem julgamento ou condenação. Pelo simples facto de residirem ilegalmente no território podem ser privados de liberdade por 18 meses enquanto aguardam a deportação.
Depois de “La Forteresse” - Leopardo de Ouro no festival de Locarno - que tratou as condições de acolhimento dos requerentes de asilo na Suíça, Fernand Melgar tem um olhar para o outro extremo da cadeia, no final do caminho de migração. O cineasta está imerso durante 9 meses no Centro de Detenção Administrativa de Frambois, em Genebra, um dos 28 centros de deportação para migrantes sem documentos.
Fernan nasceu em 1961, em Tangier, no meio de uma família Espanhola de anárquicos exilados e foi levado clandestinamente para a Suíça, pelos pais em 1963, quando estes entraram no país como trabalhadores sazonais. No início dos anos 80, com os amigos, fundou Le Cabaret Orwell, uma meca da cultura underground no oeste da Suíça, seguido pelo internacionalmente famoso clube de música rock La Dolce Vita. Depois de uma exibição de filmes experimentais, decidiu reinventar-se como realizador e produtor autodidadata de cinema independente . Foi creador de filmes experimentais e segmentos de televisão icónicos em 1983. Em 1985, ingressou na empresa de produção Climage, com quem permaneceu fiel colaborador, e produziu mais de vinte documentários bem recebidos sobre os temas de imigração e identidade. Foi o editor dos filmes de Jacqueline Veuve, cujo Le Journal de Rivesaltes foi galardoado com o Prémio de Cinema Suíço em 1998. O documentário Exit - o direito de morrer, recebeu vários prémios internacionais, incluindo o prestigiado Golden Link UER para melhor co-produção Europeia e o Prémio de Cinema Suíço em 2006. Em 2008, o documentário The Fortress ganhou o Leopardo de Ouro no Festival de Cinema de Locarno, para além de muitos outros prémios internacionais. O filme Special Flight, filmado num centro de detenção administrativa em 2011, recebeu mais de trinta prémios internacionais, incluindo o Prémio de Cinema Suiço e o Prix Europa. No filme seguinte em 2013, The World Is Like That, Fernand Melgar conta a história de alguns dos protagonistas de Special Flight depois de terem sido expulsos da Suíça. O seu filme mais recente The Shelter foi filmado num abrigo de emergência para os sem-abrigo em Lausanne.
António é um marceneiro português que, para fugir à guerra colonial e à pobreza, decide emigrar para França, respondendo ao desejo de um amigo. À dureza da travessia da fronteira, somam-se as dificuldades em Paris. Sem documentos, sem trabalho e sem falar francês, António deambula pela cidade em busca de Carlos, o amigo que lhe prometera ajuda. Neste seu percurso solitário, a esperança e o otimismo vão dando lugar à desilusão, sentimento partilhado por muitos portugueses com quem se vai cruzando. Filme emblemático sobre a emigração portuguesa clandestina, O Salto está imbuído de uma forte carga política e ideológica, fruto do ambiente efervescente vivido em França na época. O crescente fluxo migratório, as condições em que partiam os emigrantes – a pé e em camionetas de carga – e a forma como eram recebidos em França são questões retratadas de forma crua e realista.
Realizador e argumentista, Christian de Chalonge nasceu em Douai, França., em 1937. Filmografia como realizador: Le Bourgeois gentilhomme (2009); Le Malade imaginaire (2008); L'Avare (2006) Maigret: La maison de Félicie (2002); Maigret chez le ministre (2002); Maigret et le marchand de vin (2002); Maigret: Un meurtre de première classe (1999); Le Comédien (1997); Le Bel été 1914 (1996); Le Voleur d'enfants (1991); Le Diable en ville (1990); Docteur Petiot (1990); Malevil (1980); L'Argent des autres (1978); L'Alliance (1970); O Salto (1968).
A portuguesa Laurete Fonseca, mãe de cinco filhos, mora num bidonville em Massy (Essonne), nos arredores de Paris. Ao ser confrontada com o processo de realojamento levado a cabo pelo Ministério do Interior Francês, Laurete opõe-se determinantemente a esta realidade, que a seu ver irá criar uma situação de maior isolamento social para si e para os seus filhos. Em Massy habitam mais de 100 emigrantes portugueses e árabes. Tal como em todos os outros bidonvilles uma das primeiras pressões exercidas sobre os emigrantes foi a dispersão dos seus habitantes , separando, assim, os amigos e os vizinhos sem lhes oferecer alternativas. Os imigrantes são ameaçados de lhes retirar a autorização de residência e de lhes destruir as barracas onde habitam, etc. Laurete ajuda, a partir de 1969, os seus compatriotas, frequentemente analfabetos, na obtenção dos vistos e das autorizações de residência junto do poder local (Mairie) e do comissariado da Polícia e pertence ao comité de defesa do bidonville (bairro de lata). Empenha-se numa luta contínua entre imigrantes e instituições. São exercidas pressões sobre Laurete durante muitos anos - ameaças de expulsão e dificuldades de prolongamento da autorização de residência. Apoiada pelo comité de defesa do bairro, Laurete resiste e acaba por ficar em França mas teve de ceder, de se tornar invisível, de se apagar.
A fotografia mostra-os juntos. É um grupo de mulheres e homens que o destino reuniu. E é o retrato de uma geração, de um pedaço de Portugal que atravessou o Atlântico em busca de uma vida dourada num país que fala a mesma língua. Cinquenta anos depois, que aconteceu a estas pessoas que o acaso de um dia da viagem juntou num instante a preto e branco?
Trabalhou como jornalista e guionista. Actualmente, é realizadora e produtora.
Realizou os documentários: Max, o Menino do Assobio, 2015; Laurinha, 2012; Domingo à Tarde, 2012;
Menina Limpa Menina Suja, 2011; Carta de Chamada, 2005; Mulheres ao Mar, 2002.