Fabienne Wateau | França, 2006, 28'
No Noroeste de Portugal, os proprietários utilizam uma ferramenta simples e original: a cana, para repartir a água de rega. Esta cana consiste em um bastão de cana calibrado, usado para medir os volumes de água. Desde a sua confeção até à distribuição da água pelos diferentes lotes, o filme mostra as relações entre os proprietários graças a esta atividade.
Fabienne Wateau é professora de Antropologia Social da Universidade de Paris Nanterre e Diretora de Investigação do CNRS (Centro Nacional da Investigação Francesa). Dedicou a sua tese de doutoramento ao concelho de Melgaço (Alto Minho, Portugal), e em particular aos modos de partilha da água de rega e aos conflitos entre beneficiários – da qual foi publicado o seu livro Conflitos e água de rega. Ensaio sobre a organização social no vale de Melgaço (Ed. Dom Quixote, 2000). Também realizou vários documentários, nomeadamente uma série de três curtas sobre os instrumentos de medir a água, em colaboração com o Museu Nacional de Etnologia de Lisboa. A primeira foi filmada na freguesia de Penso (2002 – La pierre de partage de l’eau, 10’); uma segunda na freguesia de Chaviães (2006 – La canne à mesurer l’eau, 28’); e uma terceira, com fins comparativos, do outro lado do Rio Minho, na Galiza, em Arbo (2004 – Les conques d’Arbo, 7’). Seguiu depois para outras pesquisas e outros documentários: no Alentejo, à volta da Barragem de Alqueva e da deslocação da Aldeia da Luz (Querem fazer um mar, ICS, 2016); e hoje em dia na Beira Litoral, em Estarreja, acerca da contaminação pelo complexo químico das águas e terras envolventes.