com Jorge Campos e Luís Mendonça sobre o filme Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho (Brasil, 1984, 119 min)
Em X-RAYDOC faz-se a análise de um único filme cuja importância seja indiscutível para uma História do Documentário na qual se releva, como elemento estruturante, a relação com o outro, em contexto. Esta relação tem consequências a diversos níveis, desde logo no plano das soluções narrativas plasmadas em função de critérios quer de ordem ética quer de ordem estética. Daí que, sendo o real - a matéria prima do documentário - feito de mudança, resulte uma multiplicidade de declinações combinatórias, praticamente infinita, inevitável num cinema que interpela o seu tempo e quem o habita. É esse o domínio do olhar. Portanto, de toda uma teoria. Há documentários que influenciaram o desfecho de guerras, levaram à absolvição de condenados à morte, lançaram nova luz sobre adquiridos, denunciaram situações insustentáveis, mudaram a vida de milhares de pessoas. Há documentários que mudaram o próprio cinema. X-RAYDOC inscreve-se no quadro desta singularidade, procurando ir mais além.
Entrada gratuita
Hora | Atividade | Local |
---|---|---|
10h00 | Projeção do filme | Casa da Cultura |
12h00 | Pausa para café | |
12h15 | Conversa/debate | Casa da Cultura |
Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de Santiago de Compostela, especialista em Cinema Documental, professor do Ensino Superior, jornalista, cineasta e programador cultural.
Doutorado em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), tem mestrado na especialidade de Cinema e Televisão. É Professor do Ensino Superior, autor e programador.
Em 1964, o realizador Eduardo Coutinho inicia as filmagens de uma obra semidocumental sobre a vida de João Pedro Teixeira, um carismático líder camponês de Paraíba que se opunha aos grandes latifundiários do Nordeste brasileiro e que tinha sido assassinado dois anos antes. O filme seria uma reconstituição no local e com os participantes reais da história. Elizabeth, a viúva de João Pedro, e os filhos de ambos viveriam os seus próprios papéis. Porém, numa altura politicamente conturbada, a rodagem foi interrompida pelo golpe militar de 1964. Dezassete anos depois, já em 1981, Coutinho volta a Paraíba para retomar a história que ficara por contar. É assim que reencontra Elizabeth e alguns camponeses, dando início a um filme cujo tema deixa de estar circunscrito à morte de João Pedro Teixeira para revelar, acima de tudo, o percurso de vida dos que sobreviveram aos difíceis anos do regime militar.