Pedro Costa dá-nos a possibilidade de percorrer os seus filmes, "Casa de Lava", "Ossos", "No Quarto da Vanda", "Juventude em Marcha" e "Cavalo Dinheiro", através de um conjunto de objetos que se relacionaram com eles. Um caderno, 9 fotografias, uma camara digital, uma cópia de um filme em 35 mm e um elevador. "Sacavém" procura ser uma janela para o cinema de Pedro Costa e entender como ele é sentido e construído.
O tempo parece ter parado numa aldeia na costa da Galiza, Espanha. Os habitantes aparentam uma espécie de paralisia, apesar de ainda conseguirmos ouvir as suas vozes: eles falam sobre fantasmas, bruxas, monstros, sobre a lua vermelha. Três mulheres descem das montanhas em busca de Rubio, um marinheiro recentemente desaparecido no mar.
A partir da rememoração de um professor de Língua Portuguesa na actualidade, vamos seguir Manuel, o seu pai, ex-combatente da nossa guerra colonial e constantemente atormentado por essas lembranças. Iremos com ele até ao fundo dos lugares físicos que o obcecam – dos quartéis da formação até aos lagos e jardins da sua juventude e enamoramento – bem como ao abismo da sua memória – a guerra e a paixão juntas, indestrinçáveis, numa batalha que pergunta ou grita as imemoriais dúvidas existenciais.
iHUMAN é um thriller político que explora a crescente expansão da inteligência artificial sob a ilusão de democracia e liberdade de escolha. O filme segue os pioneiros na linha de frente da revolução invisível de IA, expondo a forma como essa tecnologia vai sendo desenvolvida e implementada. Em iHuman, algumas das mentes mais brilhantes da indústria de IA decifram um roteiro para o nosso futuro. Quem estará realmente na posse do código?
Uma impressão poderosa do racismo quotidiano profundamente enraizado no Brasil, o último país do mundo ocidental a abolir o trabalho escravo. O filme é uma mistura soberba de entrevistas, poesia, música, material histórico e reflexões.
O filme conta a história de uma pequena família, composta pelo avô reformado do exército e o seu neto stripper. Não é apenas a história de um relacionamento, mas um reflexo de toda a Bielorússia e do mundo pós-Soviético pró-Rússia. Além disso, é uma reflexão universalmente reconhecida do enorme fosso entre gerações.
Ernesto é um dos muitos guerrilheiros das FARC que sonham com um país melhor pelo qual vale a pena lutar, mas desta vez sem utilizar as armas. No entanto, o acordo de paz - que visa acabar com 52 anos de conflito armado – lança a sociedade polarizada no caos, com todos temendo pelo futuro e a sua própria sobrevivência. O que acontece com uma paz frágil num país desigual quando fazer a coisa "errada" pode ser facilmente justificado como o único meio de luta? Colômbia Nos Meus Braços é um retrato íntimo, forte e sincero de pessoas nos extremos da sociedade colombiana.
Camada a camada, OECONOMIA revela como as regras do jogo capitalista contemporâneo precondicionam sistematicamente o crescimento, os déficits e as concentrações de riqueza. Com particular rigor e perspicácia, OECONOMIA articula os aspetos mais flagrantes da economia capitalista tornados invisíveis pela cobertura predominante dos media.
Enquanto limpava o apartamento da avó, que acabara de morrer, Anna encontrou um caderno. Aí, ela descobre uma história de amor secreta, vivida durante a euforia da República Espanhola na década de 1930. As fotografias entrelaçadas trazem de volta memórias de tempos passados. Entre França e Espanha, revela-se o percurso singular de Lúcia, a voz de uma mulher forçada à emancipação no tumulto da História.
Visões do Império é uma viagem colectiva ao passado colonial através de uma selecção de fotografias do império português, captadas desde os finais do século XIX até à Revolução de Abril de 1974, que pôs fim tanto ao regime político que governava Portugal, como ao estatuto colonial de vários territórios africanos que só em 1975, depois de uma longa guerra, se tornaram países independentes.
“Humanidade é natureza” é o que o Hupd’äh pensam. Na cosmologia desse povo, uma das duzentas e dez etnias do Brasil, não há separação entre a natureza mineral, vegetal, animal e humana. A música e a palavra têm um poder transformador, muitas vezes incompreensível para nós. O filme foi produzido a partir do acervo etnográfico do antropólogo Renato Athias, com textos, filmagens, fotografias e músicas coletadas na década de 1980, atualmente digitalizadas no Arquivo Linguístico dos Povos Indígenas da América Latina (AILLA) da Universidade do Texas. O filme dá voz aos chefes de clãns Hupd’äh: Bihit, Casimiro e Mehtiw (in Memoriam). O filme oferece novas maneiras de refletir sobre a relação entre humanos e não humanos.
Sharon é judia e terceira geração de sobreviventes do Holocausto. Quando o seu pai distante, Moritz, entra novamente em contato com ela após sete anos de silêncio, torna-se urgente para ela reconstruir a história da família do pai. A partir daqui começa uma viagem onde Sharon tenta compreender e refletir sobre a sua família.
Somos testemunhas de uma guerra duradoura e devastadora com raízes profundas na Turquia. No Kurdistão, apesar da mudança das estações, a mãe Besna anseia pelo retorno do seu filho Enes com a mesma compaixão, fixando os olhos nas montanhas nevadas e vales profundos de Mezra Şexan, uma vila em Bahçesaray, Van. Diz-se que Enes, desaparecido repentinamente em 2008, se juntou às fileiras do PKK (Partido dos Trabalhadores do Kurdistão), mas, até 2015 a sua família não sabia se ele estava vivo ou não. Tendo ouvido dizer que Enes está em Rojava, o sombrio pressentimento da mãe Besna é substituído por uma enorme esperança e desejo de reencontro.
1975. Pós-revolução de 25 de Abril. Eduarda, João e Mick viajam da Europa do Norte para trabalhar nas cooperativas das herdades ocupadas em Portugal. Vêm ajudar nas atividades rurais e pecuárias, dar consultas médicas e de planeamento familiar, mostrar filmes de educação sexual e participar nos bailes tradicionais. Trazem muitas perguntas, mas os “camaradas do Sul” têm mais interrogações do que respostas: Querem saber quem somos? Como tratamos as nossas mulheres e crianças? Como convivemos e amamos? Venham daí! Vamos estranhar-nos, vamos desentender-nos de certeza, que tudo faz parte desta revolução-festa!
Amor Fati vai ao encontro de partes que se completam. São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos. A partir dos seus rostos e da coreografia dos gestos, descobrimos a história que os enlaça. Assente na vida quotidiana, o filme desenha diante dos nossos olhos um coro de afetos e da memória coletiva de um país, convocado o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão: Não será a isto que vocês aspiram — a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que, em vez de dois, passem a ser um só.
A pintora Ana Marchand sempre se sentiu um tanto deslocada na sua família. Donde lhe viria o amor pela arte e pela viagem? Em jovem viu um livro de viagens escrito pelo seu tio, Maurizio Piscicelli, e finalmente compreendeu. Catarina Mourão (Pelas Sombras, A Toca do Lobo, O Mar Enrola na Areia) acompanha Ana na sua travessia familiar e espiritual. Quem foi Maurizio? Quem é Ana? O rosto de um, o do outro. A reencarnação são as várias vidas que vivemos.
No Delta de Bucareste, a família Enache viveu em perfeita harmonia com a natureza durante duas décadas, dormindo numa cabana na margem do lago, pescando e seguindo o ritmo das estações. Quando esta área é transformada num parque nacional público, eles são obrigados a deixar esta vida pouco convencional e mudarem-se para a cidade. Enquanto a família luta para se conformar à civilização moderna, cada um deles começa a questionar o seu lugar no mundo e qual poderá ser o seu futuro. Com um olhar empático e cinematográfico, o cineasta Radu Ciorniciuc oferece-nos, neste seu primeiro filme, a história envolvente de uma família empobrecida a viver à margem da sociedade na Roménia, lutando por aceitação e a sua própria versão de liberdade.
Forte e apaixonada, Ivanna é uma jovem mulher Nenets e mãe de 5 filhos. Sozinha com eles no ambiente hostil da tundra Ártica, vive o modo de vida tradicional do povo nómada Nenets: pastorear as renas pela vasta tundra em pequenas comunidades nómadas, mudar as casas de lugar apoiadas em trenós e resistir aos frios extremos. Ivanna faz o trabalho que tradicionalmente é feito por duas pessoas, marido e mulher, para a sobrevivência da família. O pai dos seus cinco filhos, Gena, tornou-se alcoólico. Face às condições de rápida deterioração de vida na tundra e de forma a tomar as rédeas da sua própria vida, Ivanna decide imigrar para a cidade. Simultaneamente, um drama emancipatório e um réquiem melancólico pela vida perdida na tundra, este filme retrata com grande intimidade os sentimentos de uma mulher em transição para uma nova vida.
No lugar de Passinhos de Cima, entre Douro e Tâmega, vivem cerca de trinta pessoas. No topo de uma encosta encontramos as irmãs Ana e Glória. É um lugar isolado, que o padeiro, o peixeiro, o merceeiro e os filhos de ambas visitam uma vez por semana. O resto vem da terra, que as duas irmãs trabalham de sol a sol, entre leiras. Guiados pelo olhar curioso da câmara, seguimos o ciclo agrícola ao longo do ano. À medida que a relação entre realizadora e protagonistas vai amadurecendo, desvenda-se o dia-a-dia e os pensamentos mais profundos destas mulheres sobre a vida no campo, a única que conhecem.