Pedro Costa dá-nos a possibilidade de percorrer os seus filmes, "Casa de Lava", "Ossos", "No Quarto da Vanda", "Juventude em Marcha" e "Cavalo Dinheiro", através de um conjunto de objetos que se relacionaram com eles. Um caderno, 9 fotografias, uma camara digital, uma cópia de um filme em 35 mm e um elevador. "Sacavém" procura ser uma janela para o cinema de Pedro Costa e entender como ele é sentido e construído.
A partir da rememoração de um professor de Língua Portuguesa na actualidade, vamos seguir Manuel, o seu pai, ex-combatente da nossa guerra colonial e constantemente atormentado por essas lembranças. Iremos com ele até ao fundo dos lugares físicos que o obcecam – dos quartéis da formação até aos lagos e jardins da sua juventude e enamoramento – bem como ao abismo da sua memória – a guerra e a paixão juntas, indestrinçáveis, numa batalha que pergunta ou grita as imemoriais dúvidas existenciais.
1975. Pós-revolução de 25 de Abril. Eduarda, João e Mick viajam da Europa do Norte para trabalhar nas cooperativas das herdades ocupadas em Portugal. Vêm ajudar nas atividades rurais e pecuárias, dar consultas médicas e de planeamento familiar, mostrar filmes de educação sexual e participar nos bailes tradicionais. Trazem muitas perguntas, mas os “camaradas do Sul” têm mais interrogações do que respostas: Querem saber quem somos? Como tratamos as nossas mulheres e crianças? Como convivemos e amamos? Venham daí! Vamos estranhar-nos, vamos desentender-nos de certeza, que tudo faz parte desta revolução-festa!
Amor Fati vai ao encontro de partes que se completam. São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos. A partir dos seus rostos e da coreografia dos gestos, descobrimos a história que os enlaça. Assente na vida quotidiana, o filme desenha diante dos nossos olhos um coro de afetos e da memória coletiva de um país, convocado o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão: Não será a isto que vocês aspiram — a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que, em vez de dois, passem a ser um só.
A pintora Ana Marchand sempre se sentiu um tanto deslocada na sua família. Donde lhe viria o amor pela arte e pela viagem? Em jovem viu um livro de viagens escrito pelo seu tio, Maurizio Piscicelli, e finalmente compreendeu. Catarina Mourão (Pelas Sombras, A Toca do Lobo, O Mar Enrola na Areia) acompanha Ana na sua travessia familiar e espiritual. Quem foi Maurizio? Quem é Ana? O rosto de um, o do outro. A reencarnação são as várias vidas que vivemos.
A 19 de Março de 1956, o meu avô escreve à minha avó na sua viagem a caminho de Macau, onde viveu dois anos durante o período colonial. 60 anos depois, a minha avó, uma artesã de Viana do Castelo, é convidada a participar numa feira internacional dedicada à lusofonia, em Macau. Desta vez na companhia dela, o meu avô concretiza um sonho antigo e secreto: revisitar o local onde foi mais feliz. Vou com eles, intrigado por este reencontro do meu avô com a região à medida que ele procura um semblante do mundo que conheceu outrora mas confronta-se com uma paisagem que mudou drasticamente, e de forma imperdoável.
Como acontece em todos os verões desde que nasceu, Ana vai a Bustarenga, uma pequena aldeia situada na montanha, no interior de Portugal. Aos 36 anos, esta parisiense de origem portuguesa ainda é solteira. Os habitantes da aldeia, preocupados com o seu futuro, fazem-na compreender que o tempo urge. Ana vai ouvir os conselhos e os avisos dos moradores para encontrar o príncipe encantado segundo os preceitos da aldeia.
No lugar de Passinhos de Cima, entre Douro e Tâmega, vivem cerca de trinta pessoas. No topo de uma encosta encontramos as irmãs Ana e Glória. É um lugar isolado, que o padeiro, o peixeiro, o merceeiro e os filhos de ambas visitam uma vez por semana. O resto vem da terra, que as duas irmãs trabalham de sol a sol, entre leiras. Guiados pelo olhar curioso da câmara, seguimos o ciclo agrícola ao longo do ano. À medida que a relação entre realizadora e protagonistas vai amadurecendo, desvenda-se o dia-a-dia e os pensamentos mais profundos destas mulheres sobre a vida no campo, a única que conhecem.
Visões do Império é uma viagem colectiva ao passado colonial através de uma selecção de fotografias do império português, captadas desde os finais do século XIX até à Revolução de Abril de 1974, que pôs fim tanto ao regime político que governava Portugal, como ao estatuto colonial de vários territórios africanos que só em 1975, depois de uma longa guerra, se tornaram países independentes.