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Prado e Remoães

Quem somos os que aqui estamos?

Entre a Vila e as termas do Peso, pelas terras baixas do vale do rio Minho, Prado e Remoães constituem-se como um conjunto de lugares espalhados ao longo de três vias: a mais antiga, provavelmente de origem romana, liga igrejas paroquiais e a velha capela de Stº Amaro; a segunda é uma estrada moderna por onde, no séc. XIX, se pensou construir a linha férrea de Monção a Melgaço; a terceira é uma via rápida recente. Com muitos pontos de ligação, as três são cruzadas por vias de menor importância no sentido perpendicular do rio.

Estamos em plena “ribeira” onde é ainda clara a arquitectura de uma paisagem feita de campos e socalcos, muros e caminhos, terras de cultivo onde a água de rega chegava à leira mais pequena onde se cultivava o milho e a vinha se dispunha em latadas na estrema das parcelas. O rio Minho corre encaixado entre penedos e pesqueiras e, por vezes, depósitos de coios, os seixos de pedras polidas que a corrente foi moldando. Ainda há lampreias. Nas margens abruptas e no primeiro patamar de terra vermelha e pedregosa, estão os baldios, terras de mato e pastagem por longos tempos já passados. Hoje há hotéis, centros hípicos, equipamentos desportivos e escolas superiores.

Porque foi mais a gente do que a terra durante séculos de agricultura de subsistência, aqui também se emigrou, particularmente para o Brasil e, mais tarde, para França ou mais além. Da época de ouro das termas, ficaram algumas casas de veraneio e outras também de visitantes ocasionais. A julgar pelo que se vê, à emigração e ao desaparecimento da agricultura tradicional, seguiu-se o plantio do Alvarinho, mais importante na paisagem do que na economia local. Nem tudo é o que parece. Local é apenas o lugar onde localizamos o que vemos ou o que nos disseram que ali está. Se estendermos o assunto, a geografia será outra, bem mais dilatada. Vão multiplicar-se espaços e fronteiras visíveis e invisíveis, vidas que se cruzam, surpresas, coisas menos permanentes do que antes foram.

Fica quase tudo por dizer nas palavras breves. A terra é pequena mas é variada a gente.

Álvaro Domingues

O projeto Quem somos os que aqui estamos? incidirá na freguesia de Prado, do concelho de Melgaço, e terá visibilidade através de:

  • Registo audiovisual – Fotografia Faladas
  • Uma exposição de fotografia documental, a inaugurar na Casa da Cultura de Melgaço, durante o MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço
  • Um catálogo sobre a exposição de fotografia documental
  • A recolha e digitalização de fotografias de álbuns familiares de habitantes de Prado
  • Uma exposição de fotografia a partir dos álbuns familiares, a inaugurar no antigo edifício da Escola de Prado
  • Uma publicação sobre o trabalho realizado

Produzido pela Associação AO NORTE, este projeto será coordenado por Álvaro Domingues, terá produção executiva de Rui Ramos e conta com colaboração de Albertino Gonçalves, Carlos Eduardo Viana, Daniel Maciel, Miguel Arieira, Daniel Deira e João Gigante.