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Exposição.07

A descida do rio Níger

A descida do rio Níger


Tudo começou em 1946. Jean Rouch partiu com os seus dois amigos Jean Sauvy e Pierre Ponty para fazer uma descida do rio Níger de canoa desde a nascente até ao Golfo da Guiné, ao longo de mais de 4.200 quilómetros. A viagem durou cerca de nove meses e Rouch filmou as paisagens, a savana, o rio, os povos ... O cineasta etnólogo nunca deixou de se maravilhar com os meandros deste rio complexo e misterioso que exerceu nele um verdadeiro fascínio. Rouch leva-nos numa viagem ao centro dos mistérios dos povos da bacia do Níger. Aos aldeões mágicos da aldeia de Wanzerbe, aos pescadores Sorko do Médio Níger, aos Songhay e o culto à água, ou aos Dogons, no Mali, que celebram o culto dos mortos e comemoram a invenção da palavra. Sociedades sobre as quais vai trazer, através de uma centena de filmes e milhares de fotografias, um olhar distanciado, mas profundo e respeitador das suas identidades culturais e étnicas.
  • Data: 01 Agosto / 31 Agosto 2018
  • Local: Casa da Cultura
Jean Rouch

Depois de se formar em engenharia civil, Rouch resolve ir trabalhar como engenheiro de obras públicas em África. É destacado para o Níger, onde constrói estradas e pontes. Ao assistir à morte de operários atingidos por uma faísca durante as obras, descobre os mistérios da religião e da magia dos Songhai e decide estudar etnologia. De regresso a França, frequenta os cursos de Marcel Mauss e de Marcel Griaule. Investigador do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), cria em Paris, em 1953, com Henri Langlois, Enrico Fulchignoni, Marcel Griaule, André Leroi-Gourhan e Claude Lévi-Strauss, o Comité do Filme Etnográfico (Comité du film ethnographique), com sede no Museu do Homem. (…) Exercendo um olhar analítico sobre os costumes, tradições e rituais dos povos africanos e, de um modo inovador, usando câmaras leves de 16 mm, Jean Rouch, com uma grande liberdade de estilo perante os cânones tradicionais da prática etnográfica, alternando entre documentário e ficção, obteve o reconhecimento internacional de cineastas e de especialistas da sua área. É um dos fundadores e um dos primeiros teóricos da antropologia visual. Influenciado por Dziga Vertov e Robert Flaherty, Jean Rouch é um dos fundadores do cinema-verdade. Foi fonte de inspiração e constante referência para os realizadores da Nouvelle Vague. Presidente da Cinemateca Francesa durante cinco anos (1986 a 1991), é laureado com o Prémio Internacional da Paz. A sua obra, coroada com várias recompensas de prestígio, inscreve-se na história universal do cinema. Na sua derradeira missão ao Níger, na estrada de Tahoua, a leste do país, é vítima de um acidente mortal de automóvel, ocorrido a 15 de fevereiro de 2004, ao cair da noite, a 16 km da cidade de Birni N'Konni.

José da Silva Ribeiro

Jean Rouch