DATA: 3 a 7 de Agosto de 2016
LOCAL: Casa da Cultura de Melgaço
Fora de Campo é a designação do Curso de Verão que vai ocorrer no âmbito de FILMES DO HOMEM – Festival Internacional de Documentário de Melgaço.
Será um encontro de reflexão, debate e desenvolvimento de pesquisa e práticas criativas no âmbito das Ciências Sociais, das Artes e das Ciências da Comunicação, em torno do tema Identidade(s) - diferença e repetição. O curso resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Melgaço e a AO NORTE - Associação de Produção e Animação Audiovisual em colaboração com Universidades e Grupos de Investigação/Pesquisa de Portugal, Galiza, Brasil e EUA.
São objetivos do Fora de Campo: a aproximação das abordagens artísticas, tecnológicas e das ciências sociais e humanas ao cinema; a colaboração entre Redes e Grupos de Investigação/Pesquisa que participam no Festival; o envolvimento da população local nas atividades realizadas no Curso e no Festival e contribuir para a afirmação da cultura popular como fonte de aprendizagem e desenvolvimento local.
O Fora de Campo é estruturado em diversas atividades teóricas, teórico-práticas e práticas. O calendário será dividido entre conferências e seminários, workshops, apresentação de projetos, trabalho de campo e visionamento dos filmes exibidos no âmbito do festival FILMES DO HOMEM.
A participação no Curso de Verão Fora de Campo é aberta a todas as pessoas, adaptando-se os trabalhos a realizar durante o curso aos conhecimentos teóricos e práticos do participante. Todos os participantes são convidados a produzir conteúdos audiovisuais resultantes da aplicação dos princípios teóricos e práticos trabalhados durante o curso. Todos os participantes receberão um certificado de participação.
Os participantes que desejarem deste modo envolver-se ativamente no curso poderão também requerer a sua Creditação para efeitos curriculares. Neste caso, o seu trabalho será sujeito a uma avaliação por parte da Coordenação do Curso. Os parâmetros e objetivos da avaliação serão trabalhados em conjunto com o participante, de acordo com as suas competências prévias, sendo o trabalho apresentado em formato de portfólio, que inclui exercícios do curso e relatórios de progresso.
Área Científica – Ciências Sociais, Artes e Ciências da Comunicação
Coordenador Geral – José da Silva Ribeiro
Equipa de Coordenação do Curso - José da Silva Ribeiro / Daniel Maciel / Patrícia Nogueira / Casimiro Pinto.
Ao horário detalhado será divulgado em breve
Os interessados em que o Curso seja creditado devem participar em todas as actividades do Festival Filmes do Homem.
Participante - 50€
Participante do concelho de Melgaço - gratuita
Inscrição com alojamento e refeições/ quarto single (alojamento numa unidade hoteleira e refeições nos dias 3, 4, 5, 6 e 7) – 260€
Inscrição (duas pessoas) com alojamento e refeições/ quarto duplo (alojamento numa unidade hoteleira e refeições nos dias 3, 4, 5, 6 e 7) – 390€
Álvaro António Gomes Domingues, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto
Num célebre seminário, Claude Levi-Strauss insiste sobre o carácter vago e mistificador da identidade por esta não ser mais do que um dispositivo simbólico e narrativo que se alimenta de uma enorme diversidade de factos reais e imaginários, “… uma espécie de domicílio virtual de referência obrigatória para explicar um certo número de coisas, mas sem ter tido nunca existência real”. Nesta linha de pensamento, o autor pergunta se, ao invés de invocar os fantasmas saídos da psicologia barata da identidade, não será melhor indagar esses factos ou condições objetivas de que a suposta identidade é sintoma ou espelho refletor. O desafio da globalização enquanto processo, ao mesmo tempo, de confronto e de diluição, não é a construção de uma meta-identidade plástica sem arestas vivas, como um amontoado de gente espalhada pelo planeta mergulhada num magma cultural mais ou menos partilhado. Também não existem muitas razões para crer no paraíso perfeito da intensa comunhão na diversidade, na diferença e na unidade das nações e das crenças. Basta dar uma olhadela pelas notícias e ver a fragmentação dos conflitos ou a emergência de neo-tribos globais. Outros deslocam a questão identitária para a esfera política e para a construção de um comum em contexto de organização democrática. Nessa esfera se define o “nós” e os “outros” (o amigo e o inimigo, eventualmente) e as regras que toleramos ou aceitamos. Parece claro. Por muito que se investigue sobre os assuntos de que se fala quando se fala de identidade, parece mais importante perceber para que efeitos é que tais narrativas servem. É então que se percebe o que está em causa.
José da Silva Ribeiro, CEMRI – UAb, Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Artes Visuais
As metodologias audiovisuais participativas e as tecnologias visuais digitais estão a mudar os métodos de pesquisa em humanidades e em ciências sociais. As resistências e as desconfianças em relação às imagens foi-se atenuando e o desenvolvimento das tecnologias foi permitindo a sua integração em múltiplos projetos de pesquisa. As metodologias visuais participativas oferecem não só uma vasta informação multissensorial e multisemiótica e a construção de narrativas orientadas pelas mundividências e interesse dos participantes na pesquisa, mas também o acesso destes aos objetivos, métodos e meios de investigação e a legitimação, pela academia, dos saberes e expressões locais. Não raro a panóplia de tecnologia de informação e comunicação abrem amplas possibilidades pedagógicas, de investigação-ação e de planeamento participativo em políticas públicas. Há, no entanto, um longo percurso a realizar através de estudos de caso e desenvolvimentos de boas práticas. Pretende-se refletir acerca das implicações, desafios e obstáculos que a tecnologia acarreta a áreas e a conceitos fundamentais para a pesquisa antropológica, como o campo metodológico, a cultura, as identidades sociais e a própria natureza humana, mas sobretudo confrontarmo-nos com estudos de caso e passar a práticas ativas de produção de conhecimento colaborativo a partir do questionamento das identidades locais.
Manuela Matos Monteiro e João Lafuente, Espaço MIRA e Mira FORUM
Partindo do pressuposto que os participantes são de fora de Melgaço, pretendemos no tempo disponível confrontar as suas representações sobre o lugar e o próprio lugar através de registos fotográficos produzidos numa atividade de/no campo.
A diversidade dos modos de ler e registar a realidade permitirão questionar o conceito de identidade bem como das suas representações.
João Martins, Visões Úteis (Porto), Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE-IPP) e na Academia Contemporânea do Espetáculo (ACE)
A descoberta das paisagens sonoras que nos rodeiam e o seu potencial na criação de narrativas é o objeto principal desta ação. Propomos uma reflexão sobre como ouvimos e como o som influencia a nossa perceção e o nosso estado de espírito e, abordando equipamento e técnicas de gravação, assim como fundamentos de edição e produção áudio, realizaremos um conjunto de exercícios práticos, tendo como objecto de estudo o território de implantação do Festival. Técnicas de gravação utilizadas: Utilização de gravadores digitais portáteis (com microfones mono e estéreo, configurações binaurais e surround) e de dispositivos móveis. Ferramentas de edição: Audacity.
Daniel Maciel, Associação AO NORTE
O projeto Aldeias do Mar contempla a produção de um conjunto de conteúdos audiovisuais para visionamento on-line, cujo principal objetivo é a valorização, divulgação e potencialização da comunidade piscatória abrangida no território Aldeias do Mar.
Os temas abordados, Mar e Recursos, Memória e Tradições, Gastronomia, Museus e Núcleos Museológicos, abrangem as dinâmicas económicas, culturais, etnográficas e sociais relacionadas com a atividade das comunidades piscatórias.
No conceito que serviu de base ao projeto, uma aldeia do mar pressupõe a existência de uma comunidade piscatória reconhecida e em atividade, localizada numa área costeira ou estuarina.
Andreia Alves de Oliveira, fotógrafa e investigadora independente
Projecto fotográfico que investiga o tema da migração através de um estudo da emigração de Portugal para Londres no Reino Unido, onde vivo há quase dez anos.
Numa época de movimentação e fluxo à escala global, Portugal é o país com a maior taxa de emigração da União Europeia e a décima segunda maior do mundo. Historicamente, é um país de emigração cíclica. Porque emigramos? O que diz a emigração sobre nós?
Enquanto artista e emigrante, pareceu-me importante tentar entender a emigração para além dos números e dos dados socioeconómicos. Através de entrevistas, retratos e fotografias de lugares, o trabalho aborda a experiência do deslocamento e dos seus efeitos pessoais, nomeadamente em relação a sentimentos como o de pertença ou de identidade definida em termos de Nação e nacionalidade. O projecto pretende desta forma criar um retrato estático e não narrativo, que visa arrestar o fluxo da emigração e oferecer ao espectador elementos para esta recriar através do seu pensamento e emoções a experiência que lhe é transmitida.
Beli Martinez, Universidade de Vigo e IES Audiovisual de Vigo
Proxecto Socheo é un intento de contrarrestar nalgunha medida o impacto do esquecemento que produce o paso do tempo na Guarda e no Baixo Miño. Por medio desta plataforma preténdese xuntar nun mesmo emprazamento todas aquelas imaxes que supoñan un reforzo para evitar a fraxilidade da memoria colectiva.Vivimos en tempos onde a diario se desbota unha chea de material audiovisual aquí pretendemos xuntalo e preservalo para, deste xeito, axudar a enriquecer o patrimonio da Guarda. Unha maneira de repensar o pasado, facelo presente e redimensionalo para o futuro.A intención deste proxecto é convidar a quen posúa imaxes da Guarda e das súas xentes a que amose os seus arquivos e con eles axude a engrosar este proxecto común. Mais non só o individuo senón tamén se intentou establecer lazos con outros axentes sociais: asociacións culturais, asociacións deportivas, empresas e institucións.
Carmen Suarez Nieto, Rede CEMIT no Concelho de San Sadurniño
Fálame de San Sadurniño é un proxecto na procura da identidade local e a memoria social dunha pequena comunidade de 3.000 habitantes ao norte de Galicia. Un espazo colaborativo na rede no que simples fotos faladas cargan de sentido colectivo a pequenas vivencias individuais que, só en aparencia, semellan desconectadas. Mais o proxecto non só pretende reflectir a memoria remota de San Sadurniño,senón tamén o seu presente a través de imaxes,sons, vídeos ou documentos que nos“falen de San Sadurniño” na actualidade,para convertérense nun espazo vivo e integral da memoria que sostén o devalar cotián das xentes,empresas,asociacións ou creadores das terras de San Sadurniño. Nos seus dous anos e medio de vida o proxecto converteuse nun referente das iniciativas de recuperación da memoria a través da fotografías e filmes, tendo xa mais de 800 000 visitas.
Manuel González Álvarez, professor de História no IES Concepción Arenal do Ferrol
O abandonado territorio rural galego está ocupar cada días mais espazo nas prácticas fílmicas do audiovisual, como ten amosado dabondo o denominado “Novo cinema Galego”, así como algunhas experiencias en territorios alleos á produción audiovisual convencional. O relatorio analizará algunhas desas prácticas fílmicas realizadas en San Sadurniño tanto por axentes sociais insólitos como adolescentes, labregas you tubers e veciñ@s xa maiores, como polos creadores da vangarda fílmica galega na experienc ia audiovisual “Chanfainalab”. Todo elo sen saír do universo de San Sadurniño, unha pequena freguesía rural de 3.000 habitantes ao norte da Galiza.